quinta-feira, janeiro 31, 2008

O ciúmes

A cada dia uma novidade. E assim, de dia em dia, de novidade em novidade, vai se construindo uma vida. Hoje parei pra pensar no ciúme, neste sentimento insensato que tanto mal nos faz. Esta coisa que racionalmente não tem nenhum sentido, mas que emana de dentro de nossas entranhas e nos rasga sem nenhum perdão.

E aí, pensando nisso, lembrei dos magos poetas Raulzito e Paulo Coelho, e da letra de A Maçã. Tudo a ver.

Se esse amor
Ficar entre nós dois
Vai ser tão pobre amor
Vai se gastar...

Se eu te amo e tu me amas
Um amor a dois profana
O amor de todos os mortais
Porque quem gosta de maçã
Irá gostar de todas
Porque todas são iguais...

Se eu te amo e tu me amas
E outro vem quando tu chamas
Como poderei te condenar
Infinita tua beleza
Como podes ficar presa
Que nem santa num altar...

Quando eu te escolhi
Para morar junto de mim
Eu quis ser tua alma
Ter seu corpo, tudo enfim
Mas compreendi
Que além de dois existem mais...

Amor só dura em liberdade
O ciúme é só vaidade
Sofro, mas eu vou te libertar
O que é que eu quero
Se eu te privo
Do que eu mais venero
Que é a beleza de deitar...

Quando eu te escolhi
Para morar junto de mim
Eu quis ser tua alma
Ter seu corpo, tudo enfim
Mas compreendi
Que além de dois existem mais...

Amor só dura em liberdade
O ciúme é só vaidade
Sofro, mas eu vou te libertar
O que é que eu quero
Se eu te privo
Do que eu mais venero
Que é a beleza de deitar...

terça-feira, janeiro 29, 2008

Alegria agora, não amanhã

Seguindo a linha do post anterior, escrito pela Outra, também não me arrependo do que faço, mas posso me arrepender amargamente do que deixo de fazer. Não sei se concordo com o 'eterno retorno' ("A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez - e tu com ela, poeirinha da poeira!"). Não sei se todas as coisas se repetirão, porque não estou certo se voltarei a viver esta ou qualquer outra vida.

Na verdade, prefiro pensar que o 'eterno retorno' está incorreto, pois, se correto for, nenhuma de nossas atuais decisões importa. Se o tempo é eterno, então o que fazemos há muito já foi decidido por nós e apenas nos repetimos. O livre arbítrio é uma fábula e estamos presos eternamentente à roda da Samsara.

Prefiro crer que tomamos nossas próprias decisões, pro bem e pro mal, e que somos os únicos e verdadeiros responsáveis por todos os nossos sucessos e todos os nossos fracassos.

Por outro lado, sou ansioso. Quero tudo agora. Assim, não quero esperar para ser feliz em outra vida, no pós-morte, talvez. Quero ser feliz agora, já. E então, ao morrer, simplesmente sumir. Ou, se for preciso, arcar com todas as consequencias dos meus atos, mas com o sorriso de quem foi feliz e, se possível, no processo, fez feliz também.

segunda-feira, janeiro 28, 2008

O Eterno Retorno

"Cada vez que você escolhe uma ação, deve estar disposto a escolhê-la por toda a eternidade.”

Apesar de toda a formação religiosa herdada de minha família não tenho um conceito formado sobre o que acontece conosco após a morte. Porém gosto da teoria d´O Eterno Retorno de Nietzsche.

Dependendo da ótica utilizada ela pode parecer muito severa... carregarei o peso das minhas decisões por toda a eternidade. Mas prefiro pensar que se deixar de fazer alguma coisa que eu tive vontade, ficarei sem ter vivido aquela experiência, aquele momento, para todo o sempre.

Deparamos-nos diariamente com este desafio, até mesmo nas coisas mais simples: se eu comer manteiga posso entupir minhas artérias e ter um AVC, mas imagina ficar o resto dos tempos sem sentir aquele gosto delicioso quando ela se derrete no pão quentinho!

Nas outras coisas a lógica é a mesma... existe um caminho que as vezes nos parece mais tranqüilo e seguro, mas também existem outros mais bonitos, divertidos e até mesmo mais pedregosos.

Caso após esta vida não exista mais nada, eu não vou ter nenhum pecado para expiar... se houver um eterno retorno não vou me arrepender das vezes em que ‘paguei para ver’.

Infeliz daquele que não tentou, que não arriscou, que não se jogou rumo ao desconhecido.

A primeira noite de um homem

Quando é realmente a primeira noite de um homem? Exatamente sobre que momento esta frase se refere? Primeiro beijo? Primeira transa? O que?

No meu entendimento, existem muitas primeiras noites. Com diferentes mulheres ou com a mesma mulher. O primeiro beijo, a primeira transa. Mas também a primeira vez que se assiste a um filme juntos, a primeira poesia, a primeira vez em que as mãos se entrelaçam, o primeiro sorvete juntos, a primeira vez em que os olhos se encontram e conversam mais que as bocas, o primeiro sussurro ao pé do ouvido.

No início, tudo é novo, tudo é a primeira vez. Mais tarde, dirão, não haverá novas primeiras vezes, primeiras noites. Será? O desafio está em começar do começo e conseguir, uma vez mais, encontrar o novo. Nem que seja a primeira vez em que se repete, depois de muito tempo, o que já se fez tantas vezes antes. Ou ainda, encontrar, toda noite, uma novidade e fazer desta, mais uma primeira vez.

Como li agora (após escrever este post) em um MSN, "Quando foi a última vez que você fez algo pela primeira vez?"

Música para Dormir!

Por motivos de força maior preciso ir dormir cedo hoje, mas não resisti em deixar uma letra de música:

You Give Me Something
James Morrison

You only stay with me in the morning
You only hold me when I sleep,
I was meant to tread the water
Now I've gotten into deep
For every piece of me that wants you
Another piece backs away.

'Cause you give me something
That makes me scared, alright,
This could be nothing
But I'm willing to give it a try,
Please give me something'
Cause someday
I might know my heart.

You already waited up for hours
Just to spend a little time alone with me,
And I can say I've never bought you flowers
I can't work out what they mean,
I never thought that I'd love someone,
That was someone else's dream.

But it might be a second too late,
And the words I could never say
Gonna come out anyway.

'Cause you give me something
That makes me scared, alright,
This could be nothing
But I'm willing to give it a try,
Please give me something'
Cause someday
I might know my heart.

segunda-feira, janeiro 21, 2008

Viva Cazuza!

Estava ouvindo o velho e bom Cazuza e ouvi duas músicas que me fizeram pensar: Será que ‘eu quero a sorte de um amor tranqüilo’? Ou quero viver o “exagerado, jogado aos seus pés, eu sou mesmo exagerado, adoro um amor inventado”?

A paixão é aquela obsessão, pensamento focado na pessoa, vontade de estar junto o tempo todo. É o frio na barriga, a insegurança constante, se jogar rumo ao desconhecido. Costumo compará-la a uma montanha-russa: vai-se do céu ao inferno em questão de segundos e logo se esta no topo novamente. Um gesto de carinho faz o mundo explodir em cores vivas, mas duas horas sem nenhum contato do objeto de desejo faz tudo ficar sem graça. Tudo é exagerado. Nela só vemos as qualidades do outro... tudo é lindo e perfeito. Até aquele chulézinho passa a ser apenas um azedinho gostoso. É uma necessidade urgente de tornar-se um só ser e desta forma inventa-se um amor.

O amor tranqüilo é diferente. O trabalho rende, já que o pensamento não esta focado apenas em uma pessoa, porém como estamos felizes tudo flui. E não há nada melhor que entre uma tarefa e outra pensar no seu amor e dar aquele sorriso saudoso. Não existe tanta aventura, mas é possível manter as rédeas de nossas vidas. Para fazer uma comparação com a montanha-russa, o amor seria um carrossel... não varia muito nos movimentos, mas com todos aqueles cavalinhos iluminados à noite é o símbolo do parque. O gesto de carinho ainda nos faz explodir em cores vivas, mas a graça permanece ali, já que não há insegurança e a companhia do ser amado é apenas uma questão de horas, que serão aproveitadas para tocar a vida, de forma saudável. No amor o outro é real, não um ser etéreo e inatingível. Se tiver um chulézinho tudo bem... quem ama cheira junto. É uma entrega, mas querendo ‘o corpo inteiro como um furacãoBoca, nuca, mão e a tua mente não’, porque existe respeito pelas idéias e desejos do outro. Nele ninguém quer ser um, porque ninguém é meio... São duas pessoas inteiras, juntas pela vontade de estarem juntas.

Montanha-russa é bom, mas enjoa. No carrossel é preciso um pouco de criatividade, para pensar nos infinitos lugares que os cavalinhos podem nos levar, mesmo sem sair do lugar. E para ter a sorte de um amor tranqüilo basta um companheiro para fazer a parceria que te levará rumo à felicidade.

quinta-feira, janeiro 17, 2008

Sexo casual ou carência travestida?

Antes de mais nada, é importante considerar o seguinte: apesar de não ser isso que a frase diz, a impressão que se tem ao ler o post anterior é "como não estou fazendo nada, vou transar". Putz! Não acho que este seja o melhor motivo pra isso. Na verdade, não acho que precise de outro motivo além de tesão, vontade, desejo. Mas definitivamente, "não estar fazendo nada" não é um bom motivo.

Ok, ela vai dizer que a frase diz exatamente isso: "estou com vontade de fazer sexo", mas juntar isso a "nada melhor a fazer" dá no mesmo. E o pior.. o resultado é o mesmo também.

Transar por transar nunca foi o meu barato. Eu sempre precisei de uma relação, mesmo que apenas (apenas?) de amizade. Mesmo que muito efêmera. Nem mesmo lembro de uma relação que tenha começado apenas com a intenção exclusiva de sexo. Na verdade, mais comum foram relações com intenção sincera apenas de amizade terem acabado na cama. Ou melhor, terem passado pela cama e continuado como amizade. Isso, aliás, é assunto pro pra outro post: amizades sobrevivem à transas casuais?

Mas vamos à resposta à pergunta feita pela Outra. "Existe forma de reescrever este contrato?" Que contrato? Quero dizer, eu não acredito no 'contrato'. Isso remete à algo imutável, "definimos assim, assim será". Será? Porque?

Primeiro: porque uma transa que nasceu apenas pelo desejo de prazer tem a obrigatoriedade de continuar sendo assim? Porque o envolvimento não poderia acontecer se esta for a vontade do casal? Foi bom? Pra ambos? Então porque não repetir e querer saber mais sobre o outro, nem que seja pra ter e dar mais prazer? E se nesse meio tempo pintar a curiosidade de saber como é o outro vestido, qual a música preferida e quais seus medos, qual o problema? Eu não vejo nenhum.

Mas antes: realmente o que se busca nesta transa 'sem compromisso' é a transa? Ou é um abraço, um carinho, um colo, um pouco de atenção? E se for isso, é isso o que não se terá, porque, sem querer querendo, é isso que se acaba evitando. E é isso o que causa o vazio. Porque o vazio é a falta que se tinha antes elevada ao quadrado, gritando que não foi atendida.

Prazer pelo prazer é ótimo. Sexo pelo sexo é ótimo. Mas precisa ser de verdade vontade de transar e não carência travestida. E quando a presença do outro é algo de que se gosta, até uma brochada pode fazer rir, mas nem o melhor sexo pode livrar o sentimento de vazio que fica depois do gozo com alguém que não acrescenta nada.

‘Nada melhor pra fazer e vontade de fazer sexo’

A frase acima não é minha e sim da Tati Bernardi, cronista da Vip e TPM. E nesta frase mais uma vez me identifiquei com ela - quantas vezes já me vi unida a alguém por este simples contexto: nada melhor pra fazer e vontade de fazer sexo.
Algumas vezes é divertido, mas normalmente acaba no vazio. Porém, pior ainda é quando acaba na vontade de algo mais do que sexo. Mas o contrato implícito já foi assinado e as regras estão claras: somente sexo e (se possível um pouco de) amizade.
Minha experiência diz que normalmente as histórias que começam exclusivamente por atração sexual têm poucas chances de evoluir para outras áreas e quando o sexo deixa de ser novidade, tendem a se exaurir. Depois da primeira transa (que normalmente já rola no primeiro dia) esquece. se o(a) parceiro(a) não for um(a) romântico(a) (que nem algumas poucas pessoas que conheço) e existir uma próxima vez, já vai chegar passando a mão e perguntando qual o motel mais próximo, afinal as coisas não podem desacelerar.
E então deixo uma pergunta para Ele: na visão masculina existe alguma forma de reescrever este contrato?

terça-feira, janeiro 15, 2008

O Jogo da Amarelinha - Capítulo 7

Enquanto elaboro algo para postar (estou em dívida com este espaço, ainda me falta a fluência), deixo este trecho do Julio Cortazar e que me veio a mente ao ler o post 'Centro do Nada', escrito há algum tempo por Ele.

"Toco a tua boca, com um dedo toco o contorno da tua boca, vou desenhando essa boca como se estivesse saindo da minha mão, como se pela primeira vez a tua boca se entreabrisse e basta-me fechar os olhos para desfazer tudo e recomeçar. Faço nascer, de cada vez, a boca que desejo, a boca que a minha mão escolheu e te desenha no rosto, uma boca eleita entre todas, com soberana liberdade eleita por mim para desenhá-la com minha mão em teu rosto e que por um acaso, que não procuro compreender, coincide exatamente com a tua boca que sorri debaixo daquela que a minha mão te desenha.
Tu me olhas, de perto tu me olhas, cada vez mais de perto e, então, brincamos de ciclope, olhamo-nos cada vez mais de perto e nossos olhos se tornam maiores, aproximam-se, sobrepões-se e os ciclopes se olham, respirando indistintas, as bocas encontram-se e lutam debilmente, mordendo-se com os lábios, apoiando ligeiramente a língua nos dentes, brincando nas suas cavernas, onde um ar pesado vai e vem com um perfume antigo e um grande silêncio. Então, as minhas mãos procuram afogar-se nos teus cabelos, acariciar lentamente a profundidade do teu cabelo enquanto nos beijamos como se tivéssemos a boca cheia de flores ou de peixes, de momentos vivos, de fragrância obscura. E se nos mordemos a dor é doce; e, se nos afogamos num breve e terrível absorver simultâneo de fôlego, essa instantânea morte é bela. E já existe uma só saliva e um só sabor de fruta madura, e eu te sinto tremular contra mim, como uma lua na água."

domingo, janeiro 13, 2008

A "infidelidade" na natureza

Os humanos são seres vivos cientificamente classificados no reino animal como vertebrados, mamíferos e evoluídos dos primatas (macacos), no estágio de evolução atual chamado HOMO SAPIENS SAPIENS.

Em toda espécie animal (incluindo o homem) existe uma “programação” de perpetuação da espécie através da reprodução, isto vem no DNA (genes) e alterações genéticas significativas levam milhões (sendo otimistas milhares) de anos e diretamente ligadas a alterações ambientais. Nos mamíferos, geralmente a “ordem genética” pré-programada nos machos é “peguem todas” ou seja quanto maior o número de fêmeas copuladas maiores as possibilidades de fecundação e consequentemente de reprodução.

A grande maioria dos mamíferos na natureza vivem em grupos/famílias e em esquema de poligamia masculina (um macho com várias fêmeas) , o contrário existe em raras espécies como por exemplo as toupeiras (que não são famosas exatamente pela inteligência...) e vivem em estrutura organizacional matriarcal muito parecida com a de insetos como formigas e abelhas.

Portanto o DNA dos machos da espécie humana também está impregnado deste “pegue todas que puder”, faz parte da natureza humana masculina. O ser humano porém possui a inteligência avançada que permite-lhe entre outras coisas “inventar” e inclusive contrariar a natureza, por exemplo, comendo coisas que não existem naturalmente na forma ingerida, se deslocar por ar (modalidade naturalmente reservada aos pássaros e mamíferos alados) ou sob a água (modalidade naturalmente reservada a peixes , mamíferos aquáticos e aves como os pingüins) .

A inteligência permite também criar comportamentos coletivos ou individuais. As religiões “modernas” advindas do judaísmo/cristianismo colocam a monogamia como comportamento coletivo e individual a ser adotado pelas pessoas, mas a “programação genética” manda o contrário. Ou seja o Homem (e ai me refiro ao macho da espécie) é obrigado a “lutar” contra sua natureza por motivos sociais e religiosos, mas de modo geral a própria “sociedade” sabe que esta imposição é anti-natural, e é extremamente “tolerante” com a “poligamia física” (envolvimento físico com várias mulheres) mas insiste na “monogamia moral” (envolvimento emocional e conjugal com apenas uma mulher) .

Ainda seguindo as regras da natureza os mamíferos machos possuem um “sentimento de posse” muito grande, pois é o que naturalmente lhes motiva a proteger e zelar pelo “seu” grupo/família e “território”, a “exclusividade sexual” das fêmeas lhes garante que a prole (filhos) são seus, sendo seu dever prover e protege-los, não sendo portanto da natureza masculina “dividir” as “suas” fêmeas com os outros machos (mas podem “atacar” as fêmeas dos outros...), já as fêmeas são sabiamente programadas pela natureza a buscar o “melhor macho”, o “mais poderoso", aquele com melhores condições de se reproduzir (virilidade), padrão genético (saudável, forte) e recursos (território, habilidade para prover (bom caçador , lider e “defensor”) e naturalmente são predispostas a não só conceder exclusividade sexual ao macho escolhido como a dividi-lo pacificamente com as outras fêmeas do grupo.

Na espécie humana a natureza “pede” isto também mas as já citadas “convenções” da moderna civilização excluem o conceito de “harém” e tentam submete-la ao conceito de monogamia, o que é subversiva e na prática burlado pela maioria dos homens, que instintivamente seguem o “apelo de sua natureza”, quanto as mulheres o mundo moderno fez com quem as mesmas “flexibilizassem” as exigências com relação aos “machos”, não buscam “caçadores de verdade” mas sim provedores eficientes (bons “caçadores de dinheiro”) para mante-las e a eventuais filhos em troca de “exclusividade sexual/afetiva”, as outras exigências como força, um padrão genético favorável (beleza) e a capacidade reprodutiva (virilidade) ainda “mexem com o instinto básico da fêmea” porém tiveram o apelo reduzido principalmente para as mulheres ditas “dependentes” que vêem no homem antes de tudo um provedor (apesar da tendência de crescimento das mulheres ditas independentes e “bem - sucedidas” que podem e buscam e valorizam justamente o oposto das dependentes...).

Como sempre disse, a monogamia não é um comportamente natural, muito pelo contrário. E em tempos de consciência ambiental, não se pode ir contra a natureza, não é mesmo?

sexta-feira, janeiro 11, 2008

A "infidelidade" masculina e outros termos

O termo “fidelidade” é usual e incorretamente utilizado com sentido de “exclusividade afetivo/sexual”. Será que é isso mesmo?

Segundo Bueno, Francisco da Silveira; Dicionário escolar da língua portuguesa, FENAME 1982, o termo fidelidade significa: lealdade, firmeza, exatidão, probidade. Ainda segundo o mesmo dicionário o termo fiel significa: pontual, probo, exato, verídico, firme, lea ; ajudante de tesoureiro; fio ou ponteiro da balança; árbitro ou juiz.

O termo infidelidade aparece como: traição, deslealdade. E o termo infiel como: desleal, traiçoeiro, pérfido, pagão, gentio .

Nota-se que a palavra FIEL não aparece como sinônimo de “exclusivo” ou “sexual/afetivamente exclusivo”, apesar do termo INFIDELIDADE aparecer como traição/desleadade (mas de modo geral) justamente em contraposição ao significado “lealdade” da palavra raiz fidelidade; pela lógica a mesma só se justificaria como forma de se referir a uma “quebra de contrato” com cláusula de exclusividade (no caso um contrato de casamento onde a exclusividade afetivo/sexual estivesse explicitada), ou mesmo um “contrato verbal” de relacionamento qualquer com a mesma cláusula explícita e ajustada entre as partes envolvidas .

O termo cliente “fiel” é largamente utilizado para se referir a um cliente que freqüenta assiduamente o mesmo “estabelecimento”, mas isto não quer dizer que ele só freqüente ou possa freqüentar aquele estabelecimento, significa apenas que existe uma preferência natural e regularidade nas “visitas”, não necessariamente exclusividade. É utilizado também para se referir aos freqüentadores ou seguidores de uma determinada igreja (por sinal o termo freguês tem originalmente o mesmo sentido, freguesia é sinônimo de paróquia).

Lealdade, Consideração, Sinceridade e Traição
O conceito de lealdade e consideração são muito próximos e por vezes se confundem, mas há diferenças, o primeiro geralmente está ligado a situações onde existe compromisso, o segundo idem, mas também se aplica em situações onde não há compromissos, mas expectativas, os de desleadalde e desconsideração idem, já sinceridade está ligada diretamente a lealdade.

LEALDADE significa no jargão popular “jogar limpo”, ou seja, respeitar as regras acordadas, a ética, ser verdadeiro, ser recíproco, manter um relacionamento transparente e sem "surpresas".

CONSIDERAÇÃO é respeitar os sentimentos, afeição, lealdade que alguém lhe dedica.

SINCERIDADE vem do latim “sine cera” termo que se aplicava a alguns vasos feitos com uma resina tão transparente que se podia ver o que havia dentro, alguns eram tão transparentes que pareciam “sem cêra”, ou seja, sinceridade quer dizer transparência, mostrar o que realmente é, deixar claro o modo de pensar e de agir, portanto uma pessoa sincera não é a que é “fiel “ e sim a que “não esconde o jogo”, sinceridade e lealdade são complementares.

DESLEALDADE é oferecer vantagens para concorrentes descompromissados, as quais não se oferecem para os aliados e parceiros comprometidos, é deixar um parceiro em situação constrangedora em consequência de mentira, omissão ou realização de ação que não se esperaria (traição), devido a confiança depositada, enfim deslealdade é “jogar sujo”.

DESCONSIDERAÇÃO ou falta de consideração, normalmente é aplicado quando uma pessoa não leva em consideração os sentimentos de outrem, ou trocando em miúdos , é o ato de agir de um modo desrespeitoso com a presença ou afeição de alguém, é não se importar com os sentimentos de alguém próximo causando-lhe constrangimento, em suma, é agir sem levar em consideração a amizade, afeição ou dedicação do outro.

TRAIÇÃO é quando se quebra um dos pontos de base da lealdade, é quando se é desleal, pois “trair” na realidade é desmerecer a confiança do outro, é fazer o não esperado, é enganar, portanto só tem sentido usar o termo traição quando existe a surpresa no ato realizado, quando existe desrespeito intencional à cláusula de “contrato” ou favorecimento ilegítimo a partes estranhas ao relacionamento, principalmente quando não houver o merecimento ou possuírem um nível inferior ao que já se tem.

Exemplos práticos:
Deslealdade: uma pessoa que tendo um compromisso (um acordo de exclusividade ou regras de relacionamento) com um parceiro, se relaciona com outra pessoa sem que o parceiro tenha consciência dessa falta de exclusividade. Pode ser também o caso de tratamento desequilibrado ex : o marido que leva a amante para passeios caros e situações em que nunca levou ou leva a esposa, ou ainda a mulher que tendo um parceiro com um nível “A” que “lhe ajuda” se relaciona e “ajuda” alguém com um nível “Z” (estilo Robin Hood : tira dos ricos para dar para os pobres) .

Desconsideração: Uma pessoa que mesmo sabendo que há alguém próximo apaixonado por ela e pela qual não nutre o mesmo sentimento, beija e “se agarra” na frente da outra, sem qualquer reserva; outro exemplo é o das “paqueras”, trocas de olhares, troca de bilhetes e telefones, aceite de convites para dançar, etc, quando se está acompanhado. Quem faz este tipo de coisas está desconsiderando o(a) acompanhante, e dizendo discreta ou claramente que a presença ou sentimentos deste não tem importância nenhuma diante de seus próprios interesses prioritários.

Deslealdade e a desconsideração se misturam em certas situações, um exemplo seria a da pessoa que além de enganar o outro, o faz de forma irresponsável ou vil, e coloca o parceiro em situação constrangedora ou em risco de saúde, ao ter relações com qualquer amante efêmero sem a devida proteção. Ex.: Além de “trair” o parceiro o faz com um amigo próximo, ou podendo ir para “n” lugares prefere fazer na cama da pessoa traída.

Sendo assim a desconsideração e a deslealdade é que na realidade são realmente nocivas aos relacionamentos e não a não-exclusividade.

Como visto, é pode-se afirmar que é possível ser “fiel” mesmo não sendo “exclusivo”, e que ser “não exclusivo” não implica necessariamente em ser desleal, infiel ou “traidor”. Tudo depende do “contrato ajustado” e do nível de “transparência” e lealdade/consideração envolvidos na relação.

domingo, janeiro 06, 2008

Imagem não é nada - desejo é tudo!

Ele me disse que iria postar sobre o espelho... Espelho reflete imagens e então comecei a pensar sobre isso.

Faço parte de um grupo de mulheres na faixa dos 30 anos, independentes, com carreiras estabelecidas e vacinadas. Somos praieiras, guerreiras e estamos solteiras – queremos mais o que?? Olhando assim superficialmente tudo parece tão simples... então porque em algumas situações as mulheres ainda se preocupam em manter a imagem de “moças de família”?

Ela já havia escrito anteriormente um post sobre dar ou não dar no primeiro encontro, mas esta é só a ponta do iceberg. Para corresponder ao que teoricamente os homens esperam de uma boa namorada algumas mulheres estão dispostas a mudar completamente suas imagens. E não bastasse isso, as vezes, ainda querem que suas amigas também mudem, já que vale a máxima “Diga-me com quem andas e te direi quem és”. Desta forma decretam as seguintes regras:
1) Não beba cerveja (só bebidas doces)
2) Não dance de forma sensual
3) Não dê amassos calientes em público
4) Não dê antes do terceiro encontro

Tudo isso para tentar encontrar um “bom namorado”. Só que este namorado procura uma mulher com Gleid no cu, aquela que não peida e se peidar já vem com perfume de lavanda, que já acorda com hálito de Colgate e com a maquiagem combinando com a camisola e as meias (sim, pq elas são tão delicadas que dormem de meias). Por eles, elas são capazes de ler a revista Quatro Rodas todos os meses (mesmo odiando carros), abandonar as amigas que já agüentaram tpm, briga com a mãe e pé-na-bunda (afinal ele é perfeito e ela não vai mais precisar de consolo) e deixar de usar aquela mini-saia que ele tanto gostava antes dela ser “só dele”.

Se este é o príncipe encantado eu prefiro continuar com o sapo... se um babaca me definir pelos 4 quesitos acima, quem não quer ele sou eu. E tenho certeza (e sem falsa modéstia) que quem vai sair perdendo é ele, afinal:
1) Eu não bebo cerveja simplesmente - eu sou parceria
2) Eu não danço de forma sensual para provocar - este é o meu jeito
3) Eu não sou amassos calientes em público simplesmente - eu banco os meus desejos
4) Eu não dou antes do terceiro encontro simplesmente – eu gosto de sexo!

Já dizia o Totonho Villeroy “eu não sou beata, me criei na rua e não mudo minha postura só para te agradar” e definitivamente imagem não é nada, desejo é tudo!!

Vocação para filial, isso existe?

Lendo o post da Outra, reparei em uma expressão muito usada pelas mulheres de modo geral, mas que, na prática, ou não condiz com a realidade ou não expressa efetivamente o que quer dizer: "vocação pra filial".

A Outra diz não ter esta "vocação". Ora, quem tem? Ou melhor, quem quer ter? Quem quer ser? Homens e mulheres, somos egoístas e possessivos. Queremos o que desejamos apenas para nosso próprio "uso". Sendo assim, é óbvio que queremos ser sempre as "matrizes", nunca filiais.

Mas a verdade, pro bem ou pro mal, é que isso não acontece assim. Somos, em algum momento, em alguma medida, matrizes ou filiais, ou ambos. Querendo ou não. Com vocação ou não.

Mas vamos mais longe. "Não tenho vocação pra filial" significa exatamente o que? Que não será a/o "número 2" de ninguém? Que se ele/ela for comprometido, não vai se envolver em nenhum nível (emocional, sexual, casual)? Ou ainda, que sendo "matriz" de alguém, não aceitará ser "filial" de outro alguém? E se tiver uma matriz (cansei das aspas) jamais abrirá filiais? É possível realmente optar por isso? A gente quer realmente fazer esta opção?

Mais uma vez insisto que devemos parar de enxergar os relacionamentos como relações permanentes de posse e passar a entendê-los como estados passageiros de convergência, quando duas ou mais pessoas aproximam-se por descobrirem objetivos e sentimentos comuns. Enquanto esta situação perdurar (e isso pode variar de algumas horas a meses ou anos) o relacionamento fará sentido. Quando mudar ou acabar (note: "quando", não "se") então deixará de fazer. Simples demais? Pois é. É mesmo.

Mas o grande segredo (que nem acho que seja tão secreto) é que estes relacionamentos não são exclusivistas! Ao longo da vida, vamos encontrar diveras pessoas com quem teremos diversos tipos de afinidades. Com algumas mais, com outras menos, mas muitas. E muitos desses relacionamentos podem ser afetivos. Muitos podem ser sensuais (ou sexuais). Precisamos realmente optar por um ou por outro? Na minha opinião, se os objetivos forem claros em cada relacionamento, se não forem conflitantes ou excludentes, se os sentimentos envolvidos forem bons e, em última análise, se nos fizer um pouco mais felizes, sem causar necessariamente infelicidade a outro, então não precisamos.

sexta-feira, janeiro 04, 2008

Apresentação e "Arrumando a Casa"

Após tão eloqüente apresentação que Ele fez de minha pessoa, não poderia deixar de aceitar a honra de discutir o comportamento humano com tão distinto parceiro (eu ia escrever oponente, mas lendo os posts antigos percebi que compartilhamos diversas idéias).

Gostaria, porém, de fazer a minha própria apresentação. Eu não sou a nova Ela, eu sou A Outra. Antes que o caro leitor possa se perguntar, eu não faço pole dance que nem a personagem da novela e não tenho vocação para filial, mas minhas idéias, meus gostos, meus cheiros, meus sonhos são diferentes e escrever sob o mesmo pseudônimo seria inviável.

E como a casa agora também é minha vou começar a deixá-la com a minha cara.
Para tanto, segue uma música do Arnaldo Antunes e conhecida na voz da Marisa Monte:

"Volte para o Seu Lar

Aqui nessa casa ninguém quer a sua boa educação
Nos dias que tem comida, comemos comida com a mão
E quando a polícia, a doença, a distância ou alguma discussão
Nos separam de um irmão,
Sentimos que nunca acaba de caber mais dor no coração
Mas não choramos à toa
Não choramos à toa

Aqui nessa tribo ninguém quer a sua catequisação
Falamos a sua língua, mas não entendemos seu sermão
Nós rimos alto, bebemos e falamos palavrão
Mas não sorrimos à toa,Não sorrimos à toa

Volte para o seu lar,
Volte para lá

Aqui nesse barco ninguém quer a sua orientação
Não temos perspectiva mas o vento nos da a direção
A vida que vai a deriva é a nossa condução
Mas não seguimos a toa, não seguimos a toa

Volte para o seu lar,
Volte para lá"

Corrigindo a música, não volte para o seu lar...
Acomode-se na cadeira, pegue uma cerveja gelada e fique aqui conosco.

Certas Coisas

Pois muito bem... o blog não está mais orfão, nem eu. Não temos uma outra Ela, porque Ela é única. Mas temos uma Outra... Aliás, A Outra. E ela não vai decepcionar.

Mais tarde vou postar o que uma conversa com ela no msn me levou a pensar, sobre encontrar alguém que é tão parecido com você mesmo que parece ser.. você! Mas fica pra depois.

Agora, fica a música que ela citou sem lembrar a fonte. Perfeita.

Certas Coisas
(Lulu Santos/Nelson Motta)

Não existiria sons se não houvesse o silêncio
Não haveria luz se não fosse a escuridão
A vida é mesmo assim
De noite não e sim

Cada voz que canta o amor
Não diz tudo que quer dizer
Tudo o que cala fala mais
Alto ao coração
Silenciosamente
Eu te falo com paixão

Eu te amo calado
Como quem ouve uma sinfonia
De silêncio e de luz
Nos somos medo e desejo somos
Feitos de silêncio e sons
Tem certas coisas que eu não sei dizer

A vida é mesmo assim
De noite não e sim
Eu te amo calado
Como quem ouve uma sinfonia
De silêncio e de luz
Nos somos medo e desejo somos
Feitos de silêncio e sons
Tem certas coisas que eu não sei dizer

Outra, seja muito bem vinda. Fique à vontade, a casa é tua.

quinta-feira, janeiro 03, 2008

Ano novo, vida nova. Será?

Ora, ora... Eu que estava a um passo de abrir minha identidade aqui, uma vez que o blog estava perdendo sua razão original, acho que encontrei uma nova "Ela". Mas será isso possível?

Pois realmente parece. Alguém que eu conheço há alguns anos, mas com quem, na verdade, tive pouco contato. E que, na madrugada quente de verão, reencontro através do MSN, me surpreendendo com a qualidade sagaz e ao mesmo tempo sutilmente satírica dos seus comentários. Alguns tons de uma arrogância que brota da inteligência e confiança (e não da ignorância, como acontece com a maioria). E o melhor: descubro que, como eu, lê (e muito) e, grata surpresa, gosta de Bukowski, Miller e Anais. O que mais ela esconde? Que outras surpresas ela reserva? Quais seus segredos? O que ela tem pra contar? É isso o que quero saber. E espero que ela queira revelar. Por isso a convidei pra vestir o mando dEla. Será que vai aceitar? Espero sinceramente que sim.

Neste instante ela lê o que escrevi. Não sei se vai gostar. Mas isso na verdade nem importa tanto. Se não gostar, pode escrever contra. Se gostar, pode escrever a favor. O importante é querer escrever. Eu fico na torcida. Em breve saberemos.