quinta-feira, agosto 28, 2008

A importância do ciúmes

O ciumes é outro dos temas recorrentes deste blog. Ultimamente mais do que nunca.

De repente, me descobri um ciumento. Não com o ciumes doentio, da posse. Mas o ciumes do cuidado do carinho. E mais. Descobri que quero o mesmo ciúmes em relação a mim.

Quero me sentir amado. Como a criança que testa os limites só pra saber se os pais estão por ali, prestando atenção nela. No final, acho que os adultos também querem limites. Ao menos eu quero.

Neste caso, o ciúmes passa uma sensação de importância, de relevância. A ausência do ciúmes, hoje eu sei, dá uma sensação de indiferença, do tipo "tanto faz". E tanto fazendo, tao solto, vai se experimentando aqui e ali.. e de repente meio que fica um vazio... outra vez como a criança que quer chamar atenção, provocar uma respota.. E que sem resposta, tudo parece não ter mais sentido.

Eu quero sentir o limite, saber que ele existe. Parafraseando Caetano, não quero ser deixado tão solto, quero que se grude em mim.

E em contra-partida, prometo ser igualmente ciumento, zeloso e cuidadoso.

quarta-feira, agosto 13, 2008

Sou Homenzinho e gosto mesmo é de Mulherzinha!

Antes de mais nada, um alerta importante: este blog é escrito "à quatro mãos". Além de mim, outra pessoa, aliás A Outra, também o escreve. Digo isso porque um leitor mais desatento poderia entrar no blog, ler o título anterior e pensar "Será que Ele assumiu?!" Hehe... Não é o caso. Respeito todas as escolhas, mas sou um heterossexual convicto. Eu gosto de ser "homenzinho" e por mais revolucionário que eu seja ou queira acreditar ser, eu gosto mesmo é de "mulherzinha".

E aí está o ponto que realmente importa: de fato, uma mulher assumir que gosta de "ser mulherzinha", querendo dizer que sim, gosta de fazer as coisas que A Outra tão bem descreveu, não significa ser menos Mulher (assim mesmo, com "M" maiúsculo), muito pelo contrário. E no mesmo sentido, o homem simplesmente assumir o seu papel de... Homem, que zela, cuida, protege, alimenta, orienta, auxilia não o torna um ser ultrapasado ou anacrônico.

O mundo já é um lugar complicado. Nós o complicamos mais a cada dia. E pra piorar, começamos a inventar todo tipo de novidade, milhares de revoluções por minuto. Um dia, alguém entendeu que os homens deveriam ser mais femininos, talvez pintar suas unhas, e as mulheres deveriam ser mais masculinas, pagar a conta do restaurante e do motel (ao menos a metade) e trocar suas próprias lampadas. O que se ganhou com isso? Pouco, muito pouco. Talvez tenha-se mesmo perdido muito.

Sim, eu acredito que toda revolucionária, inclusive você, que está chocada com nossas declarações, achou linda a história da queima dos sutiãs poucas décadas atrás e viu praticamente todos os episódios de Sex and the City, quer mesmo é viver uma bela história de amor, ficar em casa cuidando do seu "homenzinho" (e o "inho", entenda, não é um pejorativo), abraçadinha nele e sendo paparicada e cuidada por ele. Quer a porta (do carro, da loja, de casa) aberta por ele, quer cuidado, atenção. Quer ser você mesma e quer chorar quando der vontade e não ser forte sempre. Quer ser, enfim, "mulherzinha". E, claro, quer que tudo isso venha embalado em muito companheirismo, muita reciprocidade, muita sinceridade, muito desejo e tesão, mútuos.

Impossível? Há quem jure que não.

Socorro! Virei Mulherzinha (e gostei)!!!

Dia desses estava lendo uma Revista Contigo (quanta cultura inútil) na sala de espera do dentista. A capa era com a Débora Secco que declarava: “Sou mulherzinha, gosto de ficar em casa, cozinhar, servir, agradar.”

Caso eu tivesse lido esta mesma matéria há seis meses atrás, assim como várias mulheres, eu iria querer queimá-la viva, numa fogueira em praça pública, para servir de exemplo: “Como pode uma mulher independente, profissionalmente bem sucedida e bonita dar uma declaração destas? É um desserviço às mulheres.”

Eu, como mulher independente - ainda que não tão bem sucedida nem tão bonita quanto ela (mentira, nem acho ela tão bonita assim, acho até que sou mais eu) – acharia uma tremenda demonstração de fraqueza. Ora bolas, servir aos homens, se declarar mulherzinha... Um absurdo!

Justo eu que já briguei quando homens se ofereceram para trocar lâmpadas e pneus para mim (será que pensam que sou incapaz de fazer isso?), que passei anos sem vestir nenhuma roupa cor-de-rosa, que dizia que não fazia amor, só sexo e que odiava quando não deixavam eu dividir a conta.

Porém eis que chegou esse tal de amor e bateu à minha porta. Junto com ele um cara que teve paciência para driblar todas as minhas objeções e muito sutilmente começou a fazer um agrado aqui, cuidar um pouquinho ali... e quando me dei por conta a “doce rendição” já tinha acontecido: VIREI MULHERZINHA!

E quer saber? É uma delícia ser cuidada, amada, mimada por alguém. A conseqüência natural não podia ser outra: gosto de ficar em casa, cozinhar, servir, agradar. E além de tudo ainda descobri que isso não me torna mais fraca, muito pelo contrário, me faz mais forte para buscar ser alguém cada dia melhor.

Será que este é o desejo oculto de todas as mulheres independentes: encontrar um homem com quem elas possam ser mulherzinhas?

segunda-feira, agosto 04, 2008

Monogamia: coisa de sem-vergonha

Já faz algum tempo que não posto nada. Quase 3 meses. Muita coisa aconteceu, muitas mudanças. Algumas mais radicais e fáceis de observar, outras mais sutis, na própria percepção do mundo. Mas viver é mudar, então continuo bem vivo.

Não é muito justo que a primeira postagem depois de tanto tempo seja um "copiar/colar", mas como trata-se do mesmo velho tema, acho que cabe. O tema, claro, é a monogamia. Ou, por outro lado, o fato de o ser humano não ser, afinal, monogâmico. Não é, isso já discutimos bastante aqui. Mas a questão agora é que já acho que a monogamia é possível sim. Radical, mas possível. E o texto a seguir fala exatamente isso. O texto é de Ricardo Leão.

Existem vários bons motivos para alguém escolher a monogamia, mas o melhor deles é a chance de transar sempre com uma pessoa diferente. Afinal, as pessoas mudam o tempo todo.

É por isso que, depois de dois anos de casada, você vai se ver transando com um cara totalmente distinto do namorado com quem você se casou. Melhor? Pior? Mais barrigudo? Sei lá. Mas diferente com certeza.

Você volta do cabeleireiro com aquela franja nova e seu marido encontra em casa outra mulher, não mais aquela que tinha as pontas repicadas até ontem. Ele trocou de emprego? Tesão. Vai ter um cara novo na sua cama.Você perdeu uns quilos no spinning? Gata nova no pedaço. Ele resolveu estudar francês? Nouvelle amour.

Muitos homens e mulheres, porém, não acham que a monogamia pode ser sexualmente satisfatória. Isso é perfeitamente natural. Não é vantagem do ponto de vista da seleção natural, conforme aprendi lendo THE THIRD CHIMPANZEE, do premiado cientista americano Jared Diamond, que analisa em profundidade o comportamento dos humanos em comparação ao dos outros animais.

O livro mostra que somente animais com crias que demoram muito para se desenvolver, como os humanos e os pingüins (veja o filme A MARCHA DOS PINGÜINS), tendem a ser monogâmicos por longos períodos. Como o investimento de tempo e energia para criar os filhotes é muito grande, compensa para o macho se dedicar a uma só fêmea até que a cria seja auto-suficiente pra passar o seu DNA pra frente. E ficar sempre junto dela pra garantir que o DNA do bacuri é dele e não do Ricardão.

Mesmo entre os poucos seres vivos que praticam a monogamia, o índice de infidelidade é altíssimo. Ou seja, além de divertida, a monogamia é meio pervertida, porque é antinatural. O que a torna muito mais excitante.

Como todas as outras práticas sexuais apimentadas, a monogamia deve ser praticada sempre em consenso. Quem quer praticar o sadomasoquismo deve procurar parceiros interessados. Com a monogamia é a mesma coisa. Não é uma questão de sorte. É uma questão de prática. Só deve ser praticada com alguém que também quer praticar, porque a natureza, o tédio e a vizinha gostosa do 304 vão sempre conspirar contra.

Enfim, a monogamia não é um imperativo moral nem vantagem biológica nem a melhor maneira de ser feliz. É coisa de sem-vergonha.