terça-feira, dezembro 20, 2005

O ciúme da primeira vez

Ainda assistindo ao Paulo S´antana, vi ele recitar "O Ciúme", de Guilherme de Almeida, e, como gosto muito da idéia expressa neste poema, o transcrevo aqui:

"Minha melhor lembrança é esse instante no qual
Pela primeira vez me entrou pela retina
Tua silhueta provocante e fina
Como um punhal.

Depois, passaste a ser unicamente aquela
Qua a gente se habitua a achar apenas bela
E que é quase banal.

E agora que eu tenho em minhas mãos e sei
Que os teus nervos se enfeixam todos em meus dedos
Que os teus sentidos são cinco brinquedos
Com que brinquei;
Agora, que não mais me és inédita, agora
Que eu compreendo que tal como te vira outrora
Nunca mais te verei;

Agora que de ti, por muito que me dês,
Já não me podes dar a impressão que me deste,
A primeira impressão que me fizeste,
Louco, talvez,
Tenho ciúme de quem não te conhece ainda
E, cedo ou tarde, te verá, pálida e linda
Pela primeira vez!"