segunda-feira, fevereiro 04, 2008

Mutatis Mutandis

Uma das maiores qualidades do ser humano é a capacidade de adaptação. Isso possibilitou a nós sermos a raça dominante no planeta, presentes desde o mais quente deserto à mais fria tundra ártica, seja ao nível do mar, seja à centenas de metros de altura.

Apesar desta qualidade inata, que nos permite adaptação física, muitos de nós são incapazes de mudar suas idéias. Ficam tão agarrados à elas que passam a ter orgulho não das idéias em si, mas da firmeza com que as defendem, mesmo quando já não têm mais nenhum sentido.

Já eu "prefiro ser aquela metamorfose ambulante". Ok, não tão flúido, mas ainda assim, não imutável. Se o argumento for bom, se for convincente ou verdadeiro, eu o aceito e mudo.

Por toda a minha vida defendi o chamado amor livre. Ou ao menos uma forma mais 'natural' de amar, menos opressiva, menos possessiva, em que a fidelidade não significa exclusividade e que permite a cada um viver o máximo de relacionamentos, desde que todos sejam saudáveis, sinceros, francos e, acima de tudo, felizes e prazeirosos.

Pois eis que me pego questionando esta idéia, esta postura.

De repente, começo a pensar se, afinal, não pode sim haver prazer e felicidade em um contrato de fidelidade COM exclusividade, onde cada uma das partes vive, em termos afetivos e sexuais, exclusivamente para a outra.

Ainda tenho dificuldade em acreditar que o homem possa, por livre e espontânea vontade, optar pela monogamia. Mas começo a pensar que esta não é, afinal, uma luta irremediavelmente perdida.

Enfim, mutatis mutandis.