segunda-feira, agosto 22, 2005

O mito da monogamia

Pronto, melhor deixar claro desde já: eu não acredito na monogamia. Puxa, vamos falar francamente, quem acredita?

O ser humano, analisado friamente, como o animal que é (sim, o ser humano É um animal), não é monogâmico. A arara é, o golfinho é, mas o ser humano não é.

A arara e o golfinho, depois de escolherem seus parceiros - que são definitivos -, definham até morrer quando são afastados destes. O ser humano não. O simples fato de poder pensar em outro(a) que não o(a) parceiro(a) - e ter inclusive tesão por este - já comprova esta tese. Assim, uma vez que eu e você concordamos que sim, sentimos atração (tesão mesmo) por outro que não nosso parceiro imediato (e muitas vezes - mesmo - temporário) e que isto faz parte da natureza humana, temos também que concordar que antinatural é justamente o contrário e que ferimos a nós mesmos quando nos obrigamos a uma vida de monogamia.

Assim, resumidamente, a monogamia é um atentado à nossa natureza humana e tentar lutar contra isso é uma briga que já perdemos. No máximo, podemos fazer de conta que estamos ganhando. E é isso que os monogâmicos fazem o tempo todo: de conta.

Por outro lado, como diz um amigo meu, o ser humano, ao contrário dos outros animais, pode optar por ser monogâmico ou por buscar a monogamia, mesmo contra seus instintos básicos. Isso seria sublime e o deixaria mais próximo do sagrado.

No final, mesmo não crendo na monogamia como algo natural, anseio por ela e luto na arena da minha alma para ficar um pouco mais próximo do sagrado. Como diria Kazantizakis, esta é a eterna luta entre carne e espírito. Minhas escolhas são resultados desta batalha.